O Collie de Pêlo Curto – por Alexandre Carvalho (1979)
Pouca gente ou quase ninguém no Brasil já viu um Collie pêlo curto. No entanto, nos Estados Unidos, esta variedade ganhou muita popularidade especialmente nos últimos anos, tendo conseguido um grande número de adeptos, inclusive por parte de criadores de Collie pêlo longo. Esta variedade tem em inglês a denominação de Smooth, assim como a de pêlo longo de Rough.
A criação da variedade Smooth nos Estados Unidos tem atingido um tal grau de qualidade que já não é tão raro que um Collie Smooth vença melhor de raça, competindo com o que de melhor existe em termos de Rough.
Entretanto, no Brasil, só foi visto até hoje um Collie Smooth, o qual foi trazido por uma americana do Estado de Colorado para o Rio de Janeiro e que desapareceu em seguida sem mesmo chegar a frequentar exposições.
ORIGEM DO COLLIE E CONSEQUENTEMENTE DA VARIEDADE SMOOTH
Apesar de existirem dúvidas quanto a verdadeira origem do Collie, já que este é consequência de diversas raças, ou seja, de haver controvérsias no que diz respeito às raças ou tipos que existiam nos séculos anteriores e que entraram de alguma forma na elaboração da raça Collie. Existem outras que se pode comprovadamente afirmar da sua participação e relevante influência na composição da raça Collie.
O principal ingrediente, ou pelo menos o mais famoso, foi o pastor de ovelhas muito comum no nordeste da Escócia, Lowlands ou Golden Moray, que era geralmente preto e branco, pequeno e relativamente curto de pernas e longo de corpo. Sua cabeça era de formato arredondado no crânio, focinho fino, stop pronunciado e olhos redondos e amarelados. A pelagem era de certa forma longa, densa e muito áspera ao tato.
Queen Victoria with one of her lowland Collies |
Outra contribuição para a raça de grande significação foram os pastores de ovelhas também da Escócia, os Scottish Border, particularmente os Dumfries, Roxburgh e Selkirk. Estes tipos eram bem maiores e mais altos e proporcionalmente mais curtos de corpo do que os Lowlands (Golden Moray).
SCOTLAND: Borders: Dumfries Roxburgh Selkirk Peebles; 1920 map |
Eles tinham o crânio menos arredondado e o focinho ligeiramente mais cheio do que seus primos nortistas, sendo que suas pelagens tendiam a serem mais curtas. No resto eram similares, inclusive no que diz respeito à traseira, pois, os Borders assim como os Morays possuiam em geral jarretes de vaca, característica esta que os criadores da época consideravam extremamente favorável ao trabalho.
A cor comum aos Borders também era preta e branca, existindo, porém, o todo preto, preto e branco com marcas marrons, e ainda os vermelhos que apareciam esporadicamente, criando este aparecimento uma dúvida sobre a teoria de que esta cor (vermelha) seja realmente consequência do cruzamento do Setter Irlandés.
Alguns estudantes de genética defendem essa teoria, dizendo que somente com tal cruza (com Setter Irlandes) poderia ter sido tão repentinamente mudada a dominância da cor do Collie para vermelho. Um exemplo disso é o cão nascido em 1868, Old Cokie, apontado como o responsável pela dominância do sable na raça moderna, pois, seu subpelo era menos denso e o sobrepelo mais macio do que os seus contemporâneos escoceses, Trefoil e Tricolour.
Uma das mais significantes contribuições para o Collie moderno foi, sem dúvida alguma, o chamado Ban Dog. De origem obscura, este cão do norte da Inglaterra era diferente em tipo dos pastores escoceses de pêlo longo, não số quanto à pelagem, que era bem curta, mas também quanto ao tamanho, cabeça e posteriores. Sim, pois, o Ban Dog era de estatura alta, de pernas retas e traseira firme (de bons aprumos) e sua cabeça lembrava em muito a dos nossos Collies atuais.
Os escoceses, logo que descobriram estes cães, cruzaram-nos com seus cães pastores de pêlo longo e o resultado dessas cruzas continham pelagens dos dois comprimentos (rough e smooth). Os produtos de pêlo curto desses acasalamentos eram cruzados de volta aos Ban Dogs para finalmente conseguirem o Collie Smooth. Portanto, pode-se concluir que foi o Ban Dog o responsável pela existência do Collie pêlo curto (smooth) e que, dentre os ancestrais da raça Collie, é o que mais se assemelha em tipo ao Collie contemporâneo, independente da variedade, embora se pareça mais com a variedade smooth.
PRECURSORES E REPRODUTORES QUE INFLUENCIARAM O DESENVOLVIMENTO DA VARIEDADE SMOOTH
O impulso foi dado realmente na criação de smooth nos Estados Unidos quando um grupo de collianos importou da Inglaterra Laund Blue Peter e Laund Loftygirl, em 1939, e Margaret Haserot, em 1940, trouxe o irmão de Blue Peter, Laund Laventer.
Blue Peter foi para a Califórnia onde produziu os primeiros Smooths lá e Laventer foi quem estabeleceu a linha de Smooths que foi desenvolvida com o nome de Pebble Ledge.
Em 1947, Ch. Pebble Ledge Bambi, de propriedade de Margaret Haserot, fechava campeonato, sendo o primeiro Collie Smooth a alcançar este feito nos Estados Unidos desde 1909, quando fechou campeonato Ch. Warren Patience. Ch. Pebble Ledge Bambi (Ch. Halmaric Scarletson x Ch. Halmaric Triby) descendia por parte de mãe de um filho de Laund Blue Peter e de uma filha de Laund Laventer.
Nos anos de 1947 e 1948, subseqüentemente, fecharam campeonatos dois filhos de Ch. Pebble Ledge Bambi, respectivamente, Ch Christopher Of Pebble Ledge e Ch Pebble Ledge Inca.
Outro Smooth foi importado da Inglaterra, desta feita uma fêmea de criação de Margaret Osborne, nascida em 1953, que fechou o campeonato em 1955. Chamava-se Ch. Solo from Shiel era de propriedade de Mr. e Mrs. Osmar Rees (Canil Glengyle).
Solo produziu quatro campeões em três ninhadas diferentes, sendo que o mais importante foi o seu acasalamento com o Ch. Hertzville Hightop (rough) produzindo o Ch. Glengyle Sailing.
Sailor, como era chamado, foi um reprodutor marcante, transmitindo suas qualidades de grande elegância, que também fizeram com que, tendo nascido em 1954, fechasse campeonato em 1955.
Sailor venceu, certa vez, Melhor de Raça derrotando 60 Collies Roughs na especializada do Colle Club of Northern California. Numa época em que o Collie Smooth estava apenas começando a despontar, Sailor tinha poucas chances de se mostrar realmente como reprodutor, mas assim mesmo sua influência se fez sentir e ele produziu nove campeões.
O mais conhecido deles foi o Ch. Paladin’s Black Amber C.D. que por muitos anos foi o vencedor de ponta desta variedade nos Estados Unidos e que por sua vez produziu sete campeões. Deve-se ainda citar uma irmã de ninhada de Black Amber, já que ela aparece nos pedigrees da maioria dos Smooth atuais.
Trata-se de Ch. Mal Bonn’s Blue Sapphire que vem a ser mãe de Ch. Kasan’s Fine and Fancy, que por sua vez é mãe do famoso vencedor e reprodutor Ch. Black Hawk of Kasan.
Outro da lista de filhos campeões de Ch. Glengyle Smooth Sailing que não se poderia deixar de citar é a fêmea Ch. Paladin’s Blue Jade, que além de grande vencedora, produziu саmреões, sendo que quatro deles com seu meio irmão Ch. Paladin’s Black Amber, C.D. os outros dois com seu próprio filho Ch. Paladin’s Black Cinnabar.
Entre outros entusiastas do Collie smooth nos Estados Unidos destacam-se ainda. Dr. Lee Ford cujo prefixo Shamrock aparece em alguns dos pedigrees de Smooth atuais e que dedicou-se intensamente a esta variedade, criando, pesquisando e publicando o resultado dessas experiências.
Outra cadela de criação de Margaret Osborne aparece nos pedigrees dos Smooths, especialmente dos Shamrocks. É ela Silvacymbal from Shiel, só que esta, ao contrário da Ch. Solo from Shiel, era de pelo longo. Dr. Lee Ford importou-a para que fosse usada em acasalamento com seus Collies Smooths.
Outra entusiasta e incentivadora que serviu por mais de dez anos ao Smooth Collie Association, como incansável dirigente e editora de seu boletim bimensal, não é outra senão Miss Virginia Holtz, cuja dedicação em prol da variedade Smooth foi sem limites e que muito sucesso obteve não só na criação de Smooth, mas na de Roughs também.
Dois de seus cães tiveram feitos similares em diversos pontos. São eles Ch. Cul Mor’s Conspiratour (Bru) e Ch. Cul Mor’s Kilcullen of Ebonwood (Tom).
Nascidos em 1958, com a diferença de um mês de um para outro, fecharam campeonato quando tinham dois anos de idade, viviam no mesmo canil e ambos produziram seis filhos campeões da variedade Smooth durante o mesmo período, sendo que mais tarde Tom ultrapassou seu companheiro de canil ao completar o sétimo filho Smooth campeão.
Bru por sua vez era de pelo longo e foi o primeiro reprodutor da variedade Rough a figurar na lista dos líderes reprodutores da variedade Smooth. Bru também figura na lista dos melhores da variedade Rough, somando um total de vinte filhos campeões Roughs e seis Smooths.
Tom produziu, além de seus sete filhos campeões, o destaque Cul Mor’s Dunaegan of Ebonwood, outro smooth a conseguir o feito de ganhar melhor da raça, derrotando um número grande de roughs na exposição especializada do Collie Club Of Wisconsin, julgada por Patricia Starkweather (na época Patricia Shryock). Este cão já havia conseguido quatorze pontos, faltava um ponto para fechar campeonato quando foi morto por um tiro disparado por um vizinho, que pensara ter atirado num certo pastor alemão que vinha depredando as casas da redondeza.
A Mãe de Ch.Cul Mor’s Kilcullen of Ebonwood (Tom), Ch. Belle Mount Bambi, vem a ser filha de Luke of Pebble Ledge (filho da Ch. Pebble Ledge Bambi) com uma cadela Rough (filha do Ch. Tokalon Storm Cloud). Invencível em sua carreira na variedade Smooth), Ch. Belle Mount Bambi (mãe de cinco campeões) foi a fundadora e principal matriz do canil Ebonwood de Thomas A. Kilcullen.
Ch. Tokalon Storm Cloud |
Outra vencedora smooth de Thomas A. Kilcullen é sem dúvida, a que maior número de vitórias alcançou, pois foi o melhor smooth dos anos 1964, 1965 e 1967, foi a Ch. Glocamora Morning Mist, filha de Coronation The Blue Stain (Rough) e da smooth Shamrock Smoothie O’Shadalon (de ascendência inteiramente Shamrock). Era de criação de Vikki Highfield e propriedade de Isabel Chamberlin.
Ch. Black Hawk of Kasan |
Finalmente, surge o líder em vitórias da variedade smooth, o já citado anteriormente, Ch. Black Hawk of Kasan, nascido em 1966 e fechando o campeonato em 1967.
Dentre os inúmeros melhores de variedades, alguns melhores de raça (vencendo Roughs), vários melhores de grupo e dois melhores de exposição (todas as raças) destaca-se o grande feito, Melhor da Raça do Collie Club of America em 1970, derrotando um selecionado e imenso plantel de Roughs, onde disputavam os campeões de ponta daquele ano.
Mais importante ainda foi o impacto que causou na variedade smooth, chamando a atenção até dos criadores de roughs, produzindo sessenta e sete campeões smooths nos Estados Unidos e nove no Canadá. Um recorde mundial que será quase impossível superar. Black Hawk é filho do rough Ch. High Man of Arrowhill (ascendência Arrowhill/Parader) e da smooth Ch. Kasan’s Fine And Fancy (que é neta do Ch. Giengyle Smooth Salling) e é de criação de Sam E. Singer Jr. e Ethel Singer e de propriedade de Sandra K. Tutle (Canil Kasan).
Ch. High Man of Arrowhill
DIVERSOS TIPOS DE ACASALAMENTO ENTRE AS VARIEDADES SMOOTH E ROUGH COM SUAS CARACTERÍSTICAS GENÉTICAS E SEUS RESULTADOS
Criadores e pesquisadores, depois de anos de observações e experiências, constataram que o Smooth é dominante sobre o Rough, ou seja, a variedade pêlo longo é recessiva em relação à variedade pêlo curto.
Poderíamos comparar ao que acontece com o sable e o tricolor, pois, o sable é dominante e o tricolor recessivo, assim como o Smooth é dominante e o Rough recessivo. Estudiosos dos acasalamentos entre essas variedades, como Virginia Holtz, por exemplo, chegaram às seguintes conclusões que serão enumeradas a seguir.
- – Puro Smooth X Puro Smooth
Resultará somente em puro smooth, isto é, a ninhada inteira será de puro para smooth. - – Rough x Rough
Resultará somente em rough, já que são gens recessivos que se encontram. - – Puro Smooth x Rough
Resultará numa ninhada toda de Smooth, com a diferença que todos carregam gens recessivos para Rough, o que quer dizer que todos serão Smooth fatorados para Rough. E não há necessidade de testar nenhum deles. - – Puro smooth x Smooth fatorado para Rough
Cerca de metade da ninhada resultará em puro smooth e outra metade em smooth fatorado para Rough, nesse caso terá que ser testado cada indivíduo da ninhada para se saber a que grupo pertence, já que todos são idênticos em tipo (Smooth) e é impossível se distinguir, sem o teste, quais são os puros smooths e quais os que são fatorados para Rough. - – Smooth fatorado para Rough x Rough
Metade da ninhada serå Rough e a outra metade, Smooth fatorado para Rough. Os Rough, naturalmente serão puros para Rough, ou seja, não carregam qualquer gen de Smooth, pois sendo o Rough recessivo, foi preciso que ambos, pai e mãe, carregassem o gen recessivo do Rough para que eles pudessem ser formados. Quanto aos Smooths que resultaram serão, sem que se precise testar, fatorados para Rough. - – Smooth fatorado para Rough x Smooth fatorado para Rough
A ninhada resultante conterå 1/4 de Rough, 1/4 de puros Smooths e 1/2 (que abrange a outra metade) de Smooths fatorados para Rough. Os Roughs deste produto serão, é claro, fáceis de identificar, porém os 3/4 dos filhotes, que são Smooths, somente testando-os é que se poderá determinar quais são os puros (homozigotos) quais são fatorados para Rough (heterozigotos).
Este tipo de acasalamento é muito comum hoje em dia, em decorrência de grande parte dos Smooth atuais serem frutos de cruzamentos de Smooth com Rough.
Embora estes resultados sejam baseados em anos de pesquisa e eхреriências práticas, como já foi dito, eхіstem criadores que consideram perigoso o abuso a que estão submetendo os acasalamentos de Rough com Smooth, alegando que, depois de algum tempo, poderão acarretar interferência na qualidade da pelagem de ambas as variedades, quanto ao comprimento e qualidade, querendo dizer, Smooths que terão uma pelagem mais longa do que o desejado.
Esses gritos de alerta têm provocado verdadeiras polêmicas através de artigos e protestos de ambas as partes têm sido divulgados
Para dar uma referência do que aconteceu, com Dorothy Helm, por exemplo, que, para se defender dos ataques ao seu artigo “Smooth Breeders Stand Tall”, foi mais longe, ao apresentar a probabilidade de nascer um Smooth de uma cruza de Rough com Rough.
E sua exposição é inteligente em seu último artigo, “Time Will Tell”, onde ela menciona depoimentos de antigos criadores e escritores, falando do nascimento esporádico de Smooths em acasalamentos de Rough com Rough.
Comenta ainda que, de criadores que defendem a teoria de que é impossível que isto aconteça aos que afirmam isto baseados na experiência de vinte anos observando esses tipos de acasalamentos, o que se dirá então (acrescenta ela) da experiência de muito mais de vinte anos de criadores antigos que declaram possível que os gens da duas variedades podem se misturar? E reforça dizendo que, o que fez com que Smooths não apareçam nas cruzas de Rough, por algum tempo, se dá ao fato de que os Smooths foram, no passado, cada vez mais e mas rejeitados nas cruzas com Collies Rough.
Em outras palavras, não foram usados durante muitas e muitas gerações. Porém, agora que a incidência desses acasalamentos é grande, não só poderão surgir os smooths resultantes de um cruzamento de Rough com Rough, como começar a interferir na qualidade de pelagem das duas variedades.
Independente das teorias que surgem a cada momento, que por enquanto se tratam de conjecturas, o que se pode levar em conta é que se tem notícia em termos de acasalamentos comprovados e que, até agora, são aqueles expostos nos seis itens descritos. Pelo menos, até que seja realmente provado o contrário, e baseado, naturalmente em experiências práticas concretas.
É preciso que se saiba que aqueles que já leram o padrão oficial do Collie devem saber, que a variedade smooth é julgada pelos mesmos critérios adotados para o rough, pois, anatomicamente, se apresentam da mesma forma, diferindo apenas quanto à pelagem.
Quem sabe se as referências descritas aqui não farão despertar interesse, por parte de alguns já simpatizantes ou não, pelo Collie Smooth e em breve nós tenhamos entre nós esta variedade que, devido ao nosso clima e à sua pelagem compatível, deverá se adaptar muito bem.
Como esse artigo “O Collie Pelo Curto” foi escrito em 1979, baseado em histórias da raça contidas em diferente livros especializados e artigos publicados pelas revistas “Collie Review” e “Collie Cues” em especial os de Dorothy Helm em “Smooth Breeders stand tall” e “Time will tell” quando ainda não tínhamos no Brasil Collies de pelo curto, é um dever se concluir o mesmo e contar que à partir de 1980 chegou ao Brasil uma fêmea de pelo curto que introduziu essa variedade e que ela e alguns de seus descendentes foram sucesso durante alguns anos aqui no Brasil.
Ainda em 1979 durante a minha viagem a Nacional do Collie Clube da America realizada em San Diego, California, Estados Unidos. Fui ainda à Chicago a convite dos amigos Larry and Judy Reynolds (canil Wilding) onde tive a oportunidade de visitar muitos criadores de collie abrangendo os estados de Illinois, Indiana, Wisconsin e Michigan, conduzidos pela criadora Vi Jabaay (canil ViLee) e tinha ao meu lado a amiga criadora Ada Gamarra (Blue Ken) do Uruguai.
Entre os muitos canis que visitamos (o famoso Twin Creeks estava entre esses), estava o canil Verlor de Vern e Lora Esch cuja cadela pelo curto Ch.Verlor´s Charmer of Lick Creek, além de ser a pelo curto mais premiada, tinha sido Melhor da Variedade na Nacional do Collie Clube da America de 1977.
Fomos ainda visitar o canil Sujim de Sue e Jim Karbatsch, cujo cão de destaque era o Ch.Sujim´s Mr. Onederful e o mais curioso foi saber que o filho mais velho do casal Esch chamado Mike Esch tinha se casado com a filha do casal Karbatsch chamada Teresa (Tess) Karbatsch.
Mike Esch e Tess (Karbatsch) Esch tiveram um pelo curto que deu origem ao respectivo canil Signet deles, resultado do acasalamento da cadela Ch.Verlor´s Charmer of Lick Creek com o Ch.Sujim´s Mr. Onederful o que resultou em lindos filhotes de acasalamentos repetidos desses dois.
No ano seguinte, em 1980, eu tornei a ir a Nacional do Collie e dessa vez foi em Atlanta, na Georgia.
Lá estavam também meus amigos Dr. Rubens Vieira Pinto e esposa Lizete, que me perguntou se eu conhecia algum criador de Collie pelo curto. Me lembrei logo dos Eschs e dos Karbatsch, mas o Rubens não estava interessado e me pediu que não apresentasse nenhum criador de pelo curto a Lizete.
No entanto, por um acaso do destino, eu tinha acabado de reencontrar o casal Vern e Lora Esch do canil Verlor no salão de grooming quando vi a Lizete e o Rubens se aproximando. Não pude evitar e acabei por fazer as respectivas apresentações e daí começou uma linda história de Collie pelo curto no Brasil, pois o Rubens que não queria saber de Collie pelo curto, acabou se encantando e adquiriu uma filhote com a promessa de retorná-la aos States quando estivesse adulta para fechar o campeonato americano.
A promessa foi cumprida e Rubens Pinto, um ano depois, mandou a já Campeã Brasileira Verlor’s Wonderful Lizzy de volta aos Estados Unidos para fechar o campeonato americano, o que aconteceu com muita rapidez.
De volta ao Brasil, Lizzy foi acasalada com o Ch. Hi Vu The Devil’s Advocate, collie de pelo longo também importado e de propriedade de Rubens Pinto, produzindo 4 campeões, sendo os de maior destaque Ch.Collie Star kennels Lizza de propriedade de Maria Lang e o Ch.Collie Star kennels Wild Musk de propriedade de Jose Antonio Porcino.
Ambos Musk e Lizza foram vencedores de raça e grupo, tendo Musk sido uma vez Melhor de Especializada derrotando collies de pelo longo.
Musk produziu filhos e netos campeões e seguiram-se mais descendentes, tendo destaque sua bisneta G.Ch.Lochaven Zinia e sua trineta G.Ch.Lochaven Dark Angel, ambas de criação e propriedade da Dra. Ananilia Finizola Vasconcelos.
Infelizmente, essas são as últimas collies de pelo curto vistas em pista no Brasil.
A partir de 2000 a CBKC passou a proibir o acasalamento de Collie pelo longo com Collie pelo curto, seguindo os passos da FCI que já estava a proibir o acasalamento das duas variedades como já acontecia no Reino Unido, sendo que lá podia-se efetuar esse tipo de cruza desde que fosse através de um pedido especial por parte do criador.
Dos nossos pelos curtos havia sobrado apenas uma fêmea pelo curto, que por falta de um macho dessa variedade não pode ser acasalada.
Tentei, eu mesmo, interferir com a CBKC com relação a essa proibição, explicando que não tínhamos um número suficiente de pelos curtos para manter essa variedade. O grupo de cinotecnia chegou a dar esperanças de revogar essa proibição, e mais adiante com a mudança dos membros do grupo, foi dito que permitiriam, mas afinal, já não interessava essa revogação, pois o último pelo curto já não existia.
Em 2014, Arnaldo Nielsen importou dos Estados Unidos a Am.Ch.Timeless Hello World “Hope” filha do Am.Ch.Countryview Give My Regards (CCA 2010 AOM) com a Am.Ch.Timeless Hello Darling (CCA 2008 WB, CCA 2009 BOV e CCA 2010 BOS).
Foi então que Arnaldo requereu em 2015 o direito de acasalar pelo curto com pelo longo ´concedido pela CBKC, cruzando a Hope com o Ch.Overland Be My Guest at Scotfield “Keegan”.
Am.Ch.Timeless Hello World “Hope”
Am.Ch.Countryview Give My Regards x Am.Ch.Timeless Hello Darling)
Deste acasalamento vieram 7 fêmeas (sendo 2 de pelo curto) se destacando a Scotfield´s Golden Rainbow “Mona”.
Ela então foi acasalada com o Scotfield Everlasting Love que vem a ser filho do Int.Ch.G.Ch.Milas Dirty Dancing at Lakefield “Patrick” com a Milas Dark Energy “Zuzu”, produzindo o Campeão Mundial 2022 da variedade pelo curto Scotfield´s N´Collieworld Gotta Secret “Roxy”. Foi então que Roxy foi acasalado com Star Dancer de Lo Orego (importada do Chile) em 2023 produzindo o exemplar de pelo curto que tem chamado a atenção
Scotfield’s Windhaven Rude Boy “Rude”
– Breeder: Arnaldo Nielsen & Val Clausen / Owner: Arnaldo Nielsen, Val Clausen & Denise Marinho
Esperando e torcendo mesmo, que esses atuais exemplares de Collie pelo curto sejam os responsáveis pela recuperação e o retorno certo da criação dessa linda variedade de Collie.
Fotos dos vencedores da Especializada de Collie pelo curto do Collie Clube da Finlândia, com 60 exemplares em pista, julgada por Alexandre Carvalho em Agosto de 2014.
Depois da Especializada de Helsinki, “Petra” foi enviada à Inglaterra para o canil Foxearth de Trevor & Birgit Hayward, que a apresentou em muitas vitórias de Grupo e até um Reserva de Best in Show de Exposição de todas as raças.
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